
"...Passávamos todos os fins de semana e todas as noites juntas,ou são as minhas recordações que se baralham? O meu quarto era o nosso laboratório, a nossa toca secreta, onde faziamos experiencias e planos antes de sairmos para o mundo... Bisbilhotices,más linguas,sonhos. Mais tarde vieram os rapazes e ,por vezes, outras raparigas: uma turba variável de rostos indistintos cujos nomes esqueci há muito. Sei que houve discoteces e bebedeiras,outras relações e alianças que,na altura,pareceram importantes... Ela era o meu espelho e agora que desapareceu,deixei de ver o meu reflexo... Sinto imensas saudades dela, compreendem, ..um dia estava presente - a rapariga com quem cresci,a pessoa que me conhecia melhor que ninguém...Tento alinhar tudo na minha cabeça ,mas continua a não fazer sentido...
...a única verdade que importava era que em tempos nos tinhamos amado, da forma imediata e prática,própria das raparigas. Mas agora estava tudo acabado. Éramos estranhas, ligadas apenas por um passado vagamente lembrado que se desintegrava. Nada importava,não como eu pensei que importava.
... e aqui continuo,presa à beira desta colina, a minha história quase no fim.Contei tudo o que sei e tudo o que recordo. E agora que cheguei ao fim ,descobri que devia ter sabido desde sempre... Amámo-nos outrora,claro que amámos. Mas depois acabou,como quase todas as amizades de infância acabam um dia. Não importava quem tinha feito o quê,não se tratava de culpa nem remorso. Tratava-se de crescer. "
Viagem sem Regresso, Katy Gardner
...a grande marca da minha vida resume-se a esta passagem deste brilhante romance...

2 comentários:
Posso dizer o mesmo do teu espaço.
foi simpático da tua parte, o comentário e por me teres lembrado=].
Estás também memorizada.
Bem...fantástico! Mas lá está: "trata-se de crescer". As amizades vão e vêm. Especialmente as de infância. Mas..."the show must go on" e quem passa por aqui está de certeza a apoiar-te ;)
Beijinho,
Pekenina*
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