

"Partir de um princípio base de
só querer é ser feliz, chegamos muito mais longe. Seguramente mais longe, quando nos entregamos às palavras e a tudo o que nos dão, às musicas e aos lugares incríveis a que nos levam. Quando deixamos que o momento faça sentido por tantos outros momentos que ali ficam contados. Pelo que por aquela canção passa, uma vida inteira ou só um momento, quando a ouvimos outra vez. Quando a ouvimos de repente. Quando nunca a tínhamos ouvido.
A Mafalda Veiga tem este dom, de nos transportar ao infinito das nossas verdades, ao espelho das vontades mais secretas, ao grito mais guardado.
E por isso, às vezes, às escondidas, ao medo.
De não chegarmos lá, de não conseguirmos ter aquela força que por ali corre, aquela luz que guia o que nos canta.
O Chão que agora ganhamos ajuda-nos a enfrentar o espelho. A acreditar que um dia a maturidade chega, que todos os dias podemos construir um caminho melhor. Uma estrada para ser feliz.
Tudo a ver com os nossos dias ao volante…
Foi por isso que este casamento estava escrito antes de ser cantado aos sete ventos:
Na estrada real, que cruzamos todos os dias, queremos sentir o ar, “tu e eu a descobrir o ar / não é preciso correr/ não é urgente chegar/ o que é preciso é VIVER” , o ar que nos deixa avançar. E temos medo, tantas vezes. Dos outros e nosso. Na estrada real, gostávamos que os outros fossem pontes a salvar-nos, mas temos de nos bastar: temos mesmo de ter o mundo inteiro dentro do nosso olhar, não perder um segundo, não abrandar na vigilância de aproveitar.
Não podemos continuar a perder dias em vão, vidas em vão. A perder o que sentimos quando os outros partem. Quando nós partimos.
A Mafalda percorre uma Estrada a caminho desta luz forte que nos une nas canções, que nos lembra “o que é preciso é viver” ponto final. Com gosto. Com cuidado. A amar os outros profundamente, numa entrega cheia de vontade. E é isso que tentamos todos os dias nos quilómetros percorridos: que a entrega valha a pena, que nos lembremos de quem fica. Dos outros. Do que ainda pode vir a ser.
Estas noites dos Coliseus são grandes, enormes dentro de nós. Porque saímos a cantar, cheios de coragem para o que temos de mudar. Lá fora nas ruas, nas estradas reais, também temos de mudar, prevenir, enfrentar o horror e transformá-lo. Em palavras e atitudes, nos carros e nos lugares escondidos onde ouvimos canções: somos sempre nós, é sempre real. E a vida pode mesmo rasgar bocadinhos gastos de maus hábitos rodoviários. Ah, sim. Era mesmo disso que estávamos a falar. Pode mudar ventos e levantar marés, em vez de continuar a ouvir sempre as estórias horríveis da estrada que nunca tem maiúscula a não ser na capa do disco.
Desta, a Mafalda Veiga foi mais longe, ligou-se ao ACP e à Liberty Seguros para pôr em actos as emoções, para juntos percorrerem uma Estrada melhor, com Chão para colheitas de dias melhores.
Desta, não temos desculpa no tal espelho em que ela é perita, para virar a cara e dizer que não é connosco.
É connosco.
Connosco, que só queremos é ser felizes."
Margarida Pinto Correia
... aguarda-se dia 24, há tanto tempo...
a contagem é decrescente :)
..e os Coliseus estão esgotadissímos :)